SINOPSE
Na Berlim sitiada pela Guerra Mundial, surge a inesperada história de amor entre Lilly Wust, a esposa de um militar nazista e Felice Schragenheim, uma judia integrante da resistência alemã. Lilly é a ariana perfeita, que se dedica a um lar decorado com bustos de Hitler e cuida dos quatro filhos enquanto o marido luta no front. A despeito dos amantes ocasionais e das bombas que arruínam a cidade, Lilly cai de amores pela auto-confiante Felice Schragenheim, que lhe envia cartas apaixonadas sob o codinome de ‘Jaguar’. Felice, ousada a ponto de trabalhar sob disfarce em um jornal anti-semita, revela a Lilly sua condição e as duas fazem um pacto de amor e fidelidade, tentando bloquear a realidade da guerra e do cerco que se fecha a seu redor. Para permanecerem juntas, Lilly divorcia-se do marido e Felice abre mão de fugir da Alemanha. ‘Aimée’, como Lilly é tratada por sua amante, e ‘Jaguar’ mergulham na plenitude da paixão, mas a Gestapo parte em seu encalço. O filme é baseado na história verídica relatada por Lilly Wust, aos 80 anos, à escritora Erica Fischer, que a transformou em best-seller no ano de 1994.
O CORAÇÃO TEM RAZÕES...

A dramaticidade da decisão de Felice é muito bem aproveitada no filme, em uma cena muito, muito bonita, em que Felice se despede dos amigos judeus que partem da Berlim sitiada e caminha de volta para “Jaguar”, com a música completando de modo perfeito o quadro. Pra mim, uma das mais bonitas dos filmes les...
Os críticos que desaprovaram o filme o consideraram romantizado e melodramático demais, acabando por transformar uma tragédia histórica em uma espécie de novelinha amorosa que, no final das contas, não explica muito bem a opção das duas de permanecerem juntas, mesmo sob o risco de serem pegas pela Gestapo. Por que Felice arrisca a vida, decidindo ficar na Alemanha, mesmo com o cerco fechando, quando poderia fugir em segurança? Por que Lilly permite que isso aconteça, arriscando sua amante em uma Berlim tomada pelo nazismo, ao invés de tentar protegê-la? E as duas passam os dias namorando, como se nada pudesse atingi-las... Será que Shakespeare (“O coração tem razões...”) explica? A julgar pela cena em que as duas ficam juntas pela primeria vez... explica sim, não só o coração como todo corpo também. A cena de sexo é pra lá de intensa e agrada em cheio aos que nutrem expectativas românticas sobre o lance.
A HEROÍNA
A grande força do filme, sem dúvida, é a personagem de Felice, representada de modo irresistível por Maria Schrader, com seu comportamento extremamente ousado e sua declarada paixão pelo momento presente, ainda que este inclua bombas explodindo em Berlim.
É interessante a ironia em sua capacidade de esconder dos nazistas sua condição de judia. Trabalhando disfarçada em um jornal, é alvo da admiração do editor-chefe, um anti-semita notório. Com sorrisinhos sutis a cada vez que recebe elogios do chefe, Felice exibe o prazer de mostrar o quão idiotas são os preconceitos racistas. Este mesmo ímpeto de confrontar como pode o racismo, é o que a move inicialmente em direção a Lilly. A namorada de Felice na ocasião, Ilse (Johanna Wokalek, tão linda...) é empregada na casa de Lilly e conta que sua patroa alega reconhecer um judeu “pelo cheiro”. Felice fica imediatamente interessada em confrontar a teoria estúpida de Lilly, a seu jeito, é claro, tentando seduzi-la. Inesperadamente, apaixona-se pela alemã e perde o controle sobre seu próprio truque.
Na cena final do filme – um flashback de uma reunião das principais personagens do filme - Felice reforça a importância de “viver agora”, revelando que, se tivesse de escolher um só momento que durasse a vida inteira, seria aquele, junto aos amigos e a seu grande amor: “Não quero a eternidade. Quero agora. Agora. Agora. Quero um monte de “agora” e mais um pedaço de bolo.” Parecendo ou não uma tonta, Felice foi a heroína nietzschiana da história: sábio é o homem que vive menos no passado e no futuro e é capaz de viver mais no presente, se arrependendo menos, esperando menos e amando um tanto mais.
Apesar de seu final trágico, sem dúvida uma das mais atraentes personagens les. É, eu também me casaria com ela...
A HISTÓRIA REAL

parece uma obra de Shakespeare. 👏👏👏
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