“Finalmente! Nem acredito que o
Edu me convidou para sair! Sempre fui tão afim daquele gato! Mas... também...
ele é tão galinha... Ai que ódio daquelas piranhas se oferecendo todas para
ele!!! Mas comigo vai ser diferente! Vou colocar esse safado na linha.”
Pois é, meninas... Quem nunca
teve um momento de pura ingenuidade como esse? Essa é a minha história, mas
tenho certeza que muitas de vocês têm algo parecido para contar. Mas tudo bem!
Quebrei a cara, chorei, sofri. Mas nunca me arrependi. Todo lado ruim vem
acompanhado por um lado bom. O que posso dizer é que aprendi! E foram
necessários três encontros para minha vida se transformar...
Primeiro encontro:
Acordei com o barulhinho
irritante que tanto amo de meu celular avisando que tinha nova mensagem no
Facebook.
- Só pode ser a mala da Michele
querendo me contar o que achou do filme que ainda não vi! Se ela me der mais um
spoilerzinho, juro que a estrangulo!
- Oi, Lívia! Tudo bem? Valeu por
me add no face! Faz um tempo que to tentando criar coragem para falar com vc.
Vou ser direto! Tava afim de te chamar para sair, sei lá! Talvez pegar um
cinema e trocar uma ideia.
Dei um salto da cama! Não estava
acreditando na mensagem que tinha recebido do cara mais gato do colégio! A
melhor coisa do Facebook é que dá tempo de respirar fundo e pensar direitinho
numa resposta sem gaguejar.
- Oi, Edu! Poxa, blz! Eu vou
adorar dar uma volta contigo. ;)
Putz!!! Por que mandei aquela
piscadinha?! Agora ele vai pensar mil coisas. Já deve estar achando que sou mais
uma menina fácil, que só sirvo para curtir mesmo sem nada sério... Ó céus!
Calma, relaxa, Lívia! Foi só uma piscada boba, nada de mais...
- Legal, Liv! A gente se vê
sábado, então! ;)
Ele piscou de volta! Só pode ser
amor isso! Ai ai...
Finalmente, sábado chegou!
Reservei o dia para fazer unhas, cabelo, escolher a melhor roupa e sapatos.
“huuummmm... Essa aqui tá comportadinha demais. Nossa! Muito periguete! Ih,
essa aqui já virou uniforme de escola de tanto usar...”
Após horas trocando meu
guarda-roupas inteiro, finalmente encontrei um vestidinho vermelho lindo, que
combinou com a jaquetinha que tanto gosto e com minhas unhas tão bem cuidadas.
“Hoje vou arrasar!”
Chegando ao local, o gato estava
me esperando. “Poxa... Eu me produzi toda para o Edu vir com um jeans velho e
um All Stars rasgado... ELE É TÃO DESCOLADO!!! *-*”
- Oi, Liv! Você tá linda!
- O... Obrigada.
Naquele momento, minhas bochechas
passaram a combinar com o vermelho intenso de meu vestido. “Droga! Só dá para
disfarçar a gagueira e a vergonha pelo Facebook.”
Ele deu um sorrisinho safado. Que
boca linda! Por mim, já estaria beijando aqueles lábios másculos e macios
naquele momento, mas me segurei.
A noite foi maravilhosa e
completamente diferente de como imaginei. O Edu, apesar da fama de safado e
pegador, foi um príncipe comigo. Me respeitou e conversou de forma elegante e
sem segundas intenções aparentes. Foi quase mágico!
Voltei para casa e não conseguia
dormir. Abracei meu travesseiro e não parava de pensar naqueles olhos azuis
lindos e no olhar charmoso que eles me davam. Quase virei a noite contando tudo
para a Mi.
- Liv! Que demais, gata! To de
cara com esse Edu! Eu achando que ele era o maior galinha, pegador, que só
queria te dar uns pegas e nada mais sério. Mas agora to achando que ele quer é
te conquistar de verdade.
- E conquistou, miga! To xonada
demais! Ele é o pai dos meus filhos!
- Kkkkkk! Vc é doida! Vai com
calma também, né?
- Tá bom! Eu sei! Mas é que ele é
MUITO FOFO!!!
Adormeci com o sorriso mais largo
da minha vida.
Segundo encontro:
Três dias sem receber notícias do
Edu! Eu já estava enlouquecendo, mas me segurei. O que poderia ter dado de
errado? Pareceu uma noite tão mágica! Tão perfeita! Era para ter sido um conto
de fadas!
De repente, o celular tocou.
“O que a Mi quer agora? Ai meu
Deus! É o Edu!!!”
Tentei fazer voz de quem não
estava nem aí para a ligação dele.
- A... A... Alô.
“Droga! Por que ele não enviou
mensagem de texto para eu não gaguejar?”
- Oi, Liv, liguei numa hora ruim?
- Nã... Não! Estou meio distraída
arrumando minha gaveta de sapatos, mas posso falar.
“Idiota!!! Não tinha desculpa
menos ridícula para dar para o gato?”
- Tá certo. To ligando para pedir
desculpas pela demora em responder. Eu tive uns encontros de família e achei
melhor esperar um momento mais tranquilo para te ligar.
- Relaxa, gato! Eu também estava
ocupada.
“Com o que eu estava ocupada?
Contando sapatos? Sonhando com meu casamento com ele? Pelo menos não gaguejei
dessa vez.”
- Que bom. E tá afim de fazer
algo de novo?
- Claro! Sexta à noite, pode ser?
- Ih... Sexta não vai dar... Que
tal domingo à tarde?
- Sábado você vai estar ocupado?
- Sabe como é, né? Família
grande! Sempre tem um aniversário ou outro para ir...
Agora que estou narrando esta
história, posso contar para vocês: como fui uma pata e engoli cada desculpinha
esfarrapada!
- OK! Domingo, então! Sem
problemas!
Mais uma vez, me produzi como uma
rainha para me encontrar com o plebeu mais lindo e mal vestido de todos.
Fomos a um parque muito bonito.
Famílias passeavam e casais relaxavam sob as árvores. Edu continuava um fofo,
me respeitando e conversando sobre os mais diversos assuntos, que eu nem
prestava muita atenção. Estava ocupada demais em admirar sua voz e seu sorriso.
Finalmente, ele estendeu sua mão
e segurou a minha. Meu coração foi parar na boca. Caminhamos alguns metros em
completo silêncio, enquanto eu recuperava minha respiração normal.
De repente, Edu me puxou para
atrás de uma árvore e antes que eu disse qualquer coisa, me agarrou pela
cintura e beijou meus lábios inertes. Levei alguns segundos para me dar conta
do que estava acontecendo, quando me entreguei por completo. Entrelacei meus
dedos em seus cabelos bagunçados e me entreguei a seu beijo envolvente. Eu me
sentia nas nuvens.
O nível de empolgação foi de
ambos os lados. Edu também me abraçava e me agarrava de forma voraz. Dava para
sentir que ele também esperava por aquele momento fazia muito tempo.
Quando suas mãos começaram a se
descontrolar, achei melhor parar por ali antes que eu também perdesse o
controle.
- Acho melhor irmos embora, Edu.
- Para a minha casa? – O
sorrisinho malicioso deixou claro o grau de excitação do meu gato.
- Claro que não, né? Bobo. – Ri
sem graça da brincadeira dele, mas logo vi que falava sério.
- Sabe, Liv? Eu não sou desses
caras que só querem levar a menina para a cama e depois sumir. Eu realmente
gosto de você. Quero te dar carinho, mas também, quero te dar amor.
Me derreti toda naquele momento.
Se não estivéssemos em um local público, confesso que teria me entregado toda a
ele.
- Que lindo isso, Edu! Mas hoje
não estou preparada para me entregar assim. Vamos com calma. Se você me ama de
verdade, vai entender e me respeitar.
O olhar de frustração dele foi
claro e inconsciente. Mas Edu parou de insistir.
- Tudo bem, minha linda. Quando
você estiver pronta.
Eu estava pronta naquela hora!
Mas algo me dizia para esperar um pouco mais.
Terceiro encontro:
Edu e eu conversamos pelo
Facebook durante a semana toda de forma tão quente e erótica que confesso que
tive que me saciar várias vezes com o chuveirinho do banheiro. Aquele rapaz,
além de lindo e habilidoso com seus lábios e suas mãos, também era muito bom
com as palavras.
- Hoje vou te levar às nuvens,
minha linda! ;)
- Huuummm! Aposto que sim, meu
lindo! Sinto que estou pronta para me entregar todinha a você.
- Que delícia! A gente se
encontra no Irish Pub, então. A gente toma uma cervejinha e eu te levo para um
lugar bem aconchegante. ;P
- Tudo bem. Vou me preparar
todinha para você, meu gato! :*
- Vai lá, linda! Até mais tarde.
“Aquele safado quer é me
embebedar para ficar ainda mais fácil para cair em seus encantos. Nem preciso
disso. Já sinto que sou todinha dele, mas uma cervejinha vai ajudar a relaxar
todo o meu nervosismo. Huuummm. Irish Pub! Homem mais velho é outro nível.”
Eu e meus ingênuos 18 aninhos
recém-completados me deixavam boba por aquele homem de 20 e poucos anos. Aquela
barba por fazer e todo o jeito desleixado era puro charme para mim.
Depois que desliguei o telefone,
um friozinho na barriga subiu para meu peito e desceu por entre minhas pernas,
se transformando em um calor picante que me deixou ensopada. Não estava
acreditando que eu iria me entregar para o homem dos sonhos de qualquer menina.
“Tomara que ele seja carinhoso,
mas que saiba me dominar bem gostoso. Adoro ser passiva, submissa e frágil para
me sentir protegida.”
A noite estava linda e agradável.
Fomos ao pub que ele comentou e uma banda tocava uma música tranquila e
romântica. Edu estava irreconhecível! Vestido com uma camisa elegante sobre uma
camiseta gola V.
Logo, Edu pediu uma cerveja para
ele e uma caipirinha para mim.
- Você quer me embebedar ou é
impressão minha? – Brinquei com o aquele príncipe lindo e charmoso.
- Sei que você quer ser
embebedada.
“Que sorriso gostoso!”
A noite estava perfeita! Eu mal
podia esperar para ter aquele homem me abraçando, me beijando, me dominando!!!
Mas, quando estávamos
praticamente nos preparando para ir embora do pub, uma morena alta e com cara
de poucos amigos caminhou em nossa direção. Sem parar no meio do caminho, pegou
um copo de cerveja da bandeja do garçom e lançou todo o líquido dourado no belo
rosto do meu Edu. Antes que ele, ou eu, pudéssemos esboçar qualquer reação, um
tapa da morena agressiva estalou alto na bochecha dele. Naquele momento, todo o
bar ficou sem reação, observando a garota enfurecida que havia surgido do nada.
- Da próxima vez, gato, não
esquece o Facebook aberto depois de foder uma das suas vadias. Ela poderá pegar
o endereço e horário que você vai encontrar com outra e aparecer para arruinar a
sua nova transa.
A forma contida e pausada que a
morena poderosa falava despertou em mim uma mistura de ódio e excitação. Ela
havia acabado de arruinar o encontro dos meus sonhos, mas, ao mesmo tempo,
parecia uma heroína que veio para me salvar das garras do vilão vestido em pele
de cordeiro. Edu permaneceu sem ter o que falar. Ele sabia que tinha sido pego
e tudo o que queria era sair daquele local onde todos a volta riam e aplaudiam
a morena estonteante.
- Ei, gata. Foi mal por estragar
sua noite, mas acredite, esse lixo não vale a pena. Ele só iria continuar
brincando com seus sentimentos para poder te usar e descartar, como fez comigo
e muitas outras.
- E... Eu entendo. Muito
obrigada. Estou sem chão agora.
Um choro começou a brotar de meus
olhos. Eu queria gritar de ódio e desmoronar, como se nada mais importasse.
De repente, aquela morena
misteriosamente e atraente segurou minhas bochechas avermelhadas, deslizando os
dedos ao redor de meus olhos marejados para secá-los.
- Shhhh... Shhhh... Não fique assim.
Esse lixo não merece seu sofrimento.
Sentir aquelas mãos cálidas e
acolhedoras me deu uma sensação de proteção e segurança que nunca havia sentido
antes. Segurei gentilmente seus braços e balancei a cabeça de forma afirmativa.
Instintivamente, a abracei, como uma criança assustada que busca proteção nos
braços de seus pais.
A plateia ao redor, depois de
aplaudir a saída silenciosa e vexaminosa de Edu, passou a torcer e fazer piadas
ao nosso redor. Mais uma vez, a morena poderosa dominou a situação.
- Vem, gata. Vamos dar o fora
daqui. Já demos entretenimento gratuito demais para esse público.
Ela segurou em minha mão e me
puxou para fora do pub. Nunca havia me sentido tão à vontade com alguém me
dominando e me conduzindo daquela forma.
O que aconteceu depois daquela
confusão toda, acredito que eu posso considerar como um “quarto encontro”, mas
isso ficará para uma próxima história. A única coisa que posso dizer é que, com
esses Três Encontros, quebrei a cara; chorei; sofri, mas nunca me arrependi.
Todo lado ruim vem acompanhado por um lado bom. E esse lado foi que aprendi! Me
apaixonei! Renasci!
Esse conto é de autoria de W. T.
O’Ya, autor do romance Lado A Lado B - Amsterdam
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